Rafa Leme

Músico - Compositor - Arranjador - Educador

14 abr 2021
Chorando Callado

Lançamento em todas as plataformas digitais em 18 de abril de 2021.

Joaquim Antônio da Silva Callado, foi compositor, flautista e professor, o músico mais popular do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. Segundo o historiador André Diniz, Callado é considerado o “Pai do Choro”, entrando para a história como fundador do primeiro grupo de choro chamado de Choro Carioca, com data de 1870, e formação de dois violões, cavaquinho e flauta.

“Esse conjunto típico dos cariocas – os chorões – teve, inicialmente, pela orientação de Callado, a seguinte organização pioneira: uma flauta, um cavaquinho e dois violões.” (Baptista Siqueira).

Callado nasceu no dia 11 de julho de 1848, no Rio de Janeiro, filho de Matilde Joaquina de Sousa Callado, e do trompetista Joaquim Antônio da Silva Callado, o pai, mestre de bandas na Sociedade dos Artistas e na Sociedade Carnavalesca dos Zuavos, foi seu primeiro professor de música e grande influenciador na paixão do flautista pelo carnaval de rua.

“Foram convidar um lacedônio a ir ouvir um homem que imitava com a boca o canto do Rouxinol. ‘Eu já ouvi um Rouxinol’, respondeu ele. A mim, quando me falavam de um homem que tocava a flauta com as mãos respondi: ‘Eu já ouvi o Callado’.” (Machado de Assis).

Instrumentista promissor, em 1866 inicia estudo de regência, harmonia e composição com o maestro Henrique Alves de Mesquita (1830 – 1906), e no mesmo ano faz sua primeira apresentação em sala de concertos, apresentando-se como 2° Flautista do Teatro Ginásio Dramático.

“Callado foi um flautista de primeira grandeza, e ainda hoje é lembrado e chorado pelos músicos dessa época, pois as suas composições musicais nunca perdem o seu valor, na sua flauta, quando em bailes, serenatas (que eram feitas em plena rua, pois naquele tempo eram permitidas, não havendo intervenção da polícia). Callado tornou-se um Deus para todos que tinham a felicidade de ouvi-lo.” (Alexandre Gonçalves Pinto).

Em 1869, Callado publica sua primeira polca, chamada: Querida por todos, dedicada a Chiquinha Gonzaga, uma instrumentista e compositora também muito importante para a formação da identidade da música urbana brasileira, no final do século XIX. E, em 1879, junto com outros professores do Conservatório Brasileiro de música, recebem a Ordem da Rosa, uma das mais altas condecorações do Império.

“Amigo e um dos maiores responsáveis pela incursão da maestrina Chiquinha Gonzaga nas rodas musicais e boêmias do Rio, foi aluno de Henrique Alves de Mesquita e ganhou, pelas mãos do imperador D. Pedro II, a ordem da Rosa, uma das mais distintas comendas do Império.” (André Diniz).

 

Callado faleceu no dia 20 de março, no Rio de Janeiro, vítima de meningite. Segundo o historiador André Diniz, na biografia do artista relata que no ano da morte de Callado, a Revista Musical de Bellas Artes publica uma homenagem ao flautista um breve histórico com a letra de sua última composição, a polca Flor Amorosa.

“A Revista Musical suspende a sua publicação até o próximo mês de junho. O nosso suplemento de hoje, que oferecemos como prêmio aos nossos assinantes, consta da última composição do finado e talentoso artista Callado. Chama-se “A flor amorosa”. É certamente uma das mais faceiras e delicadas produções do autor.” (Revista Musical de Bellas Artes, 25.12.1880).


 

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